"Agora as pessoas não param de exclamar ‘eu nunca sonhei que teria a minha própria Bíblia’. É gratificante participar desse momento da vida delas"
"Era
uma manhã ensolarada, e estávamos passeando pelas ruas de Jenin, uma
cidade da Cisjordânia e também uma região agrícola palestina. Então,
vimos uma senhora sentada na área de sua casa, lendo uma Bíblia. Aquela
cena nos chamou a atenção. Uma hora depois, voltamos pelo mesmo caminho,
e ali estava ela, imóvel e tão concentrada em sua leitura que chegou a
nos emocionar", disse um dos analistas de perseguição. Esse episódio tão
incomum nos Territórios Palestinos,
o 24º na Classificação da Perseguição Religiosa de 2016, aconteceu logo
depois que uma edição especial do Novo Testamento foi lançada pela
Sociedade Bíblica Palestina e a liderança da Igreja Ortodoxa. Para
muitas famílias, esta é a primeira vez que possuem uma Bíblia em casa.
"Dá para imaginar o que esses cristãos estão
sentindo. O acontecimento é comparado ao início da Reforma Protestante,
que ocorreu séculos atrás, na Europa. De repente, a palavra de Deus
estava ali disponível para eles", diz o analista. Aquele grande
avivamento espiritual está acontecendo em pleno século 21, no Oriente
Médio. "Esses cristãos estão muito acostumados com os rituais da Igreja
Ortodoxa Grega, a denominação à qual a maioria dos cristãos palestinos
frequenta. A vida espiritual deles tem muito a ver com sacramentos,
símbolos e tradições que são incorporados aos cultos diários da igreja",
conta ele.
Mas isso mudou recentemente. No início de
2015, foi lançada a tradução bíblica árabe. "É uma Bíblia fácil de
entender porque contém fotos e ícones, além de uma carta de recomendação
do Patriarca. Isto pode parecer trivial para muitos cristãos, mas para
os ortodoxos é uma recomendação vital", explica Nashat, um líder
cristão. Ele conta que dentro do período de um ano, 20 mil cópias foram
entregues às famílias, a maioria da Cisjordânia, Gaza e Israel. "Agora
as pessoas não param de exclamar ‘eu nunca sonhei que teria a minha
própria Bíblia’. É gratificante participar desse momento da vida delas",
disse ele.
Nashat lembra que a igreja foi fundada ali
naquela cidade, no dia de Pentecostes, e que ela tem alcançado
palestinos nas últimas décadas. "As pessoas podem ter razão quando dizem
que o cristianismo está em declínio nessas terras, talvez o número de
cristãos tenha diminuído devido à perseguição, mas graças a Deus que só
um pouquinho de sal já é suficiente para dar sabor. Nesse momento,
sentimos uma brisa fresca do Espírito Santo soprar através da igreja. A
Palavra tem o poder de unir todos os tipos de cristãos e todas as
denominações. Todos juntos somos a ‘noiva de Cristo’ e eu oro para que
essa união possa ser um sinal para a Terra Santa, de um tempo de paz e
de perdão. Nós fomos chamados para espalhar a luz de Jesus entre os
povos e isto é suficiente para expulsar a escuridão desse lugar",
conclui Nashat.
Por Portas Abertas
Nenhum comentário:
Postar um comentário