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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Trama de Apocalipse, da Record, tem muitos paralelos com eventos atuais




Novela da Record entra em sua fase final com domínio total do Anticristo

Sergio Marone
Sergio Marone
Desde o início de Apocalipse, a aposta da Record foi colocar no ar uma versão romanizada de uma interpretação bastante conhecida da Bíblia, o dispensacionalismo. Porém, uma olhada atenta às notícias do momento indica que o timing da mensagem na telinha é bastante propício.
O folhetim, dividido em três partes, tem como personagem central o judeu Ricardo Montana (Sergio Marone), o Anticristo. Rico, poderoso e com mania de grandeza, ele é um grande farsante, que consegue enganar a maior parte da população da Terra.
Depois do capítulo sobre o Arrebatamento, que foi ao ar em fevereiro, o ritmo da narrativa ficou mais lento, dando muito mais espaço para a história da jornalista Zoe (Juliana Knust) e uma subtrama policialesca sobre um serial killer no Rio de Janeiro.
Desde o início desta semana o ritmo se intensificou novamente, com o fim dos três anos e meio de paz e o início, de fato, dos três anos e meio da chamada Grande Tribulação.
Para conquistar essa falsa paz, o Anticristo conseguiu conciliar palestinos e judeus e alavancou a construção do Terceiro Templo em Jerusalém, ao lado das mesquitas que ficam no alto do Monte do Templo.
Descartada no passado, essa possibilidade voltou a ser cogitada de verdade em Israel, após um pedido do novo Sinédrio.

Terceira Guerra Mundial

Outro aspecto que mostra como ficção e realidade estão andando em paralelo é a ameaça de uma Terceira Guerra Mundial, desta vez nuclear, opondo uma coalização de nações lideradas pelos Estados Unidos e a Rússia e seus aliados árabes. Na novela da Record o cenário é a Líbia, no norte da África. Na vida real, algo muito próximo disso está se desenrolando na Síria. Trump de fato fez ameaças e Putin ameaçou revidar, gerando uma expectativa de confronto iminente.
A guerra que se iniciou no Apocalipse da ficção mostrará nas próximas semanas como o caos toma conta do mundo, tendo uma invasão de Israel como um fato inevitável. Essa possibilidade vem sendo propagada em nossos dias tanto pelo Irã quanto pela Turquia, tendo como foco a “retomada” de Jerusalém, considerada sagrada pelo islamismo e que está no centro da disputa de um futuro reconhecimento da Palestina como nação, que exigiria a porção Oriental como sua capital.

Nova Babilônia na Arábia

Outro aspecto que chama a atenção na novela é a “Nova Babilônia”, considerada a cidade do futuro. Edificada no meio do deserto, ela seria um indicativo de uma nova era nas relações humanas, pelo seu desenvolvimento revolucionário e discurso de convivência harmônica entre todas as pessoas.
Atendendo pelo nome de “Neom”, uma cidade futurista já está começando a ser edificada pela Arábia Saudita. Com 26 mil km² – 33 vezes maior que a cidade de Nova York – e com um custo estimado de US$ 500 bilhões, ela pretende ser pioneira em diversos setores: energia e água, mobilidade, biotecnologia, alimentação, engenharia avançada e até entretenimento.
Faze parte do projeto a construção de uma ponte ligando a Ásia à África (da Jordânia ao Egito) e um sistema revolucionário de meios de transporte autônomos, com um sistema inteligente de monitoramento de tráfego e a utilização de drones para entrega de todo tipo de encomendas. Será 100% ecológica, com o uso somente de energia sustentável, gerada por estações eólicas e solares.
Idealizada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, Neom também promete ser um modelo de tolerância para as outras religiões no país que é o berço do islamismo

Morte e ressurreição do Anticristo

Na semana que vem, Apocalipse mostrará o ápice do poder do Anticristo, que já é o presidente do Conselho das Nações (entidade que se assemelha à ONU). Durante a inauguração da Nova Babilônia, diante da imprensa de todo o mundo, Ricardo Montana será assassinado.
Nesse momento uma figura negra, que representa Satanás tomará novamente o corpo dele, transformando-o na “besta”. Dado como morto, durante seu velório, ele ressuscitará.
Stefano Nicolazi (vivido por Flávio Galvão), líder mundial da Igreja da Sagrada Luz, também tomado por Satanás assume a condição de Falso Profeta e proclama Ricardo como um ‘deus’ e começa a fazer grandes sinais, invocando “fogo do céu”.
Jonas Éfeso (Murilo Grossi), o pastor que só se converteu de verdade após o Arrebatamento, vem lembrando o telespectador em diversos momentos que tudo que os personagens estão vendo acontecer no mundo estava escrito desde que o apóstolo João teve seu apocalipse (revelação, em grego) na ilha de Patmos, por volta do ano 90.
Esse talvez seja o paralelo mais difícil de encontrar em nossa realidade. As teorias sobre a identidade do Anticristo se multiplicam, com diferentes nomes disputando o “posto”. A existência de falsas religiões e falsos messias também é um aspecto detectável em nossos dias.
Difícil mesmo tem sido denunciar as falsas igrejas e falsas teologias, como a do pastor Jonas antes do Arrebatamento. Muito falado no final da década de 1980 e início dos 1990, o estudo da escatologia não é mais tão comum. Talvez, com a curiosidade despertada em parte da população por causa da novela, o assunto volte a ser popular na igreja brasileira.
por Jarbas Aragão

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