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domingo, 2 de abril de 2017

Depois da dor vem a cura




“Precisamos entender que a vida continua, apesar das nossas dores e é somente isso o que eu posso dizer agora; estou curada e essa cura vem todos os dias da parte de Deus”

quenia-margaret
Faz exatamente dois anos que 147 alunos da Universidade de Garissa, no Quênia, foram mortos em um ataque do grupo Al-Shabaab. Margaret*, umas das sobreviventes, conta que ao sair de seu esconderijo, assim que os militantes partiram, depois de 14 horas ouvindo tiros e muita gritaria, ela ficou chocada com a cena. Ela teve que passar pelos corpos de seus amigos. “Eu perdi minhas amigas mais próximas, mas quando passei pelo corpo de Beatrice*, realmente entrei em pânico”, relatou. Juntos, vários sobreviventes tiveram que caminhar até o quartel militar. “Eu me sentia enlouquecida como se estivesse perdendo a consciência e a normalidade. Parecia que era o fim da vida que eu levava e essa sensação de loucura parecia ser meu novo ‘normal’”, ela disse.
Mas Margaret explica que sentiu a mão de Deus sobre sua vida o tempo todo e que as orações a protegiam desse sentimento, desempenhando um papel muito importante em sua recuperação. Sua família a recebeu como se ela tivesse sido ressuscitada dos mortos e levada para casa, onde amigos e parentes a cobriram de amor e carinho. Em seguida, ela passou por um aconselhamento de trauma patrocinado pelo governo, que a ajudou muito a se recuperar. Ela insistia em passar o tempo com outras pessoas que haviam enfrentado a mesma provação. Sua família lutou para entender por que ela queria fazer isso, mas não a impediram. “Eu precisava ver meus amigos e tive necessidade de ir ao necrotério também para ver até mesmo aqueles que estavam mortos”, contou.
“Quando voltei para casa e entrei em meu quarto, desmoronei. Eu não tinha forças para ficar em pé e simplesmente me rastejava e chorava. Foi um sacrifício viver tudo aquilo, mas também colaborou para minha cura. O aconselhamento não serviria de nada se eu não estivesse com meus amigos compartilhando essa dor e depois eu tive os cuidados de vários líderes cristãos”, explicou. Frederick, que é presidente da FOCUS (Fellowship of Christian University Students), uma associação de estudantes cristãos, também teve um papel muito importante incentivando e aconselhando a todos, através do trauma que ele mesmo viveu naquele dia, durante o ataque.
Atualmente, Margaret está bem. “Precisamos entender que a vida continua, apesar das nossas dores e é somente isso o que eu posso dizer agora. Estou curada e essa cura vem todos os dias da parte de Deus. Agradeço a todos aqueles que oraram por nós e quero que saibam que, realmente, Deus trabalhou. Nós vimos os frutos vindos dele, porque nós sobrevivemos. E se estamos aqui, hoje, foi por meio das orações”, agradece e conclui Margaret.
*Nomes alterados por motivos de segurança. 
Por Portas Abertas

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