Comprovação colocaria em xeque afirmações de neoateístas
A Inglaterra, terra de vários defensores do neoateísmo como Richard
Dawkins e Stephen Hawking, também é lar de Tim Whitmarsh. Menos
conhecido que os outros cientistas, ele está apresentando um novo estudo
que pode minar as alegações de que o ateísmo é um sistema de crença
moderna e um “antídoto” para séculos de ignorância e superstição.
Professor de Cultura Grega na conceituada Universidade de Cambridge,
Whitmarsh argumenta que o ateísmo é um sistema de (des)crença muito mais
antigo, antecedendo em séculos o cristianismo e o islamismo.
Segundo a pesquisa conduzida por ele, a crença de que não havia
deuses era relativamente comum no mundo antigo. Contudo, esse “ateísmo
antigo” teria sido apagado da história depois que o Império Romano
adotou o cristianismo como religião oficial. Isso foi durante o reinado
de Constantino, no início do século 4.
O professor Whitmarsh está lançando um livro com o resultado de anos
de estudo. Com o título de Battling The Gods [Lutando contra os deuses],
ele apresenta uma série de evidências que o ateísmo existia nas
cidades-estados da Grécia Antiga.
“Ateísmo é, na origem, uma palavra grega,” explica. “Surgiu como um
termo negativo, mas acho que há evidências que as pessoas se identificam
positivamente como isso posteriormente”, argumenta Whitmarsh.
Acrescenta ainda: “Há evidências a partir do 5º século antes de
Cristo, embora algo bastante modesto. Com certeza a partir do 2º século
a.C. já existiam listas de argumentos contra a existência dos deuses”.
Em seu livro, ele reúne obras de uma série de pensadores gregos. Indo
de Xenófanes de Cólofon – nascido em 570 a.C. – a Carnéades no século 2
a.C., um dos primeiros a compilar sistematicamente argumentos contra a
existência de divindades.
Menciona também o julgamento de Sócrates, que foi acusado de “não
reconhecer os deuses [de Atenas]” – como prova de que uma forma de
ateísmo era comum na época, mesmo que Sócrates tenha negado essa
acusação.
Para o professor, sua pesquisa comprova que o ateísmo não é uma ideia
moderna, surgida em decorrência do Iluminismo. Por outro lado, rejeita a
ideia de que a fé é um impulso natural, instintivo do ser humano.
“Descrença no sobrenatural é tão antiga como as montanhas”, resume.
“O fato de que isso estava acontecendo há milhares de anos sugere que
formas de descrença podem existir em todas as culturas, e provavelmente
sempre existiram”, finaliza. Com informações de Telegraph
Por Jarbas Aragão
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