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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Brasil pode ganhar em breve 30 novos santos


Queda do catolicismo no país seria um dos motivos das canonizações 


Brasil pode ganhar em breve 30 novos santos Brasil pode ganhar em breve 30 novos santos 
 

Em breve, o Brasil poderá ganhar 30 novos santos. E todos serão canonizados ao mesmo tempo. O pedido partiu do arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira Rocha. Ele trabalha para que o papa Francisco canonize dois padres e 28 fiéis que morreram em Cunhaú e Uruaçu, no Rio Grande do Norte.
As mortes são atribuídas a soldados holandeses em 1645 e o motivo seria religioso.  “O p
apa manifestou interesse na canonização, que poderá ser feita por decreto, sem exigência de milagres, porque os mártires foram mortos por confessarem a fé católica”, asseverou dom Jaime na saída de uma audiência com o pontífice em Roma.

Conhecidos como “os mártires de Cunhaú e Uruaçu”, os 30 foram beatificados por João Paulo II em 2000. Na ocasião, o papa insistiu que eles eram ‘protomártires’ e defensores da fé católica.

As mortes ocorreram em 15 de julho de 1845 em Cunhaú, que é a atual cidade de Canguaretama, e também no dia 3 de outubro, em Uruaçu, o moderno município de São Gonçalo do Amarante. O nome dos padres eram André de Sandoval e Ambrósio Ferro. Apenas 28 leigos são conhecidos pelo nome. Segundo relatos da época, foram assassinadas outras 70 pessoas, mas o Vaticano “só reconhece o martírio daqueles cujos nomes foram identificados”, justifica o arcebispo de Natal ao Estadão.

Segundo dom Jaime, o processo de canonização está em andamento e deve ser feita em outubro de 2017. Na ocasião, o Papa Francisco virá ao Brasil celebrar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba.

Chama atenção essas escolhas, uma vez que o número de católicos no país continua diminuindo e o de evangélicos aumentando. Os calvinistas holandeses estão entre os primeiros representantes em solo pátrio do grupo religioso que hoje é conhecido como evangélico.

Atualmente existem 6 santos brasileiros, embora somente Frei Galvão tenha nascido aqui, os demais eram missionários estrangeiros. O Vaticano também reconheceu 81 beatos brasileiros, incluindo os 30 que serão canonizados.

Calvinistas x católicos

Os relatos históricos dão conta que durante o período que a Companhia das Índias Ocidentais tentou estabelecer um domínio holandês no Nordeste (1630-1654), havia uma aproximação deles com os índios Tapuias. Um dos homens que fazia essa “ponte” entre indígenas e europeus chamava-se Jacob Rabbi, um alemão que chegou ao Brasil com o Conde Maurício de Nassau.

O padre Júlio César Souza Cavalcante, da Arquidiocese de Natal, afirma que a história dos massacres foi pesquisada na Torre do Tombo, em Portugal, e no Museu de Ajax, na Holanda. “Segundo documentos sobre o episódio, os holandeses sob o comando de Jacob Rabbi ofereceram aos católicos a opção de salvar a vida, se eles se convertessem ao calvinismo, mas eles se recusaram”, relata.

Sabe-se que os católicos foram mortos por índios tapuias e potiguares e tropas holandesas dentro da igreja após uma missa em Cunhaú. Tempos depois, e outra vez sob as ordens de Jacob Rabbi, cerca de 80 católicos foram mortos em Uruaçu.

Contudo, muitos relatos são contraditórios e parciais, e isso dificulta a apuração do que realmente aconteceu e, consequentemente, a beatificação e canonização. Naquele período havia constantes embates entre brasileiros e portugueses contra os holandeses, que resultaram em mortes em ambos os lados. Os portugueses acabaram vencendo e expulsando os holandeses, que foram para o caribe e para a América do Norte, onde fundaram Nova Amsterdã (atual Nova York).

Por Jarbas Aragão
 

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