O líder do grupo está preso e o governo estuda uma intervenção para resgatar as crianças, muitas estão doentes

Cerca de 650 pessoas estão vivendo em um vilarejo na Nicarágua
esperando o arrebatamento. Elas fazem parte da seita “O corpo místico de
Cristo” e a situação em que elas vivem despertou o interesse da
imprensa.
Uma jornalista nicaraguense teve autorização para visitar o vilarejo
El Viejo, em Chinandega, e relatou que os membros da seita vivem de
forma precária, principalmente as crianças e adolescentes.
“Há ali mais de 600 pessoas, muitos adolescentes e crianças em estado vulnerável e todas amontoadas”, disse Carol Munguía em entrevista a BBC.
Além de nicaraguenses, a seita atraiu fiéis de El Salvador, Guatemala
e Honduras. Eles são coordenados por 11 pastores que moram em casas de
cimento, com computadores e acesso à internet enquanto que os fiéis
vivem “amontoados em cabanas feitas com folhas de palmeira, plástico e
madeira e dormem em redes”.
As crianças não vão à escola e tão pouco têm acesso a tratamentos de
saúde. A jornalista afirma que muitas estão com catapora, mas os adultos
não permitem que elas sejam atendidas pelas brigadas médicas que o
governo enviou para a região.
“Existe o perigo de que haja um surto epidemiológico, mas eles insistem que têm um único salvador: Jesus”, revela a jornalista.
Por conta do estado de saúde das crianças, o governo nicaraguense
estuda uma intervenção no local. A primeira-dama, Rosario Murillo, é a
favor da liberdade religiosa, mas entende que o bem-estar das crianças
também precisa ser respeitado.
A ministra da Família, Adolescência e Infância, Marcia Ramírez,
esteve na semana passada para monitorar a situação pensando
principalmente nos menores.
Os membros da seita estão no local há dois meses esperando pelo
arrebatamento. A seita existe há dez anos e há a crença de que o
Espírito Santo virá arrebata-los nos próximos meses.
As autoridades prenderam o pastor Javier Sánchez, líder do movimento,
no final de semana passado quando ele estava entrando no país vindo de
Honduras com outros pastores e seus parentes. O próximo passo do governo
pode ser a intervenção no vilarejo.
por
Leiliane Roberta Lopes
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