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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Clínica de recuperação usa a Palavra de Deus para tratar viciados


Não há profissionais de saúde na chácara que tem cerca de 100 dependentes em tratamento



Clínica de recuperação usa a Palavra de Deus para tratar viciadosMilena Crestani/Folhapress
Instituições religiosas em diversas partes do Brasil investem em espaços para a recuperação de dependentes químicos. Em Campo Grande (MS) um desses espaços é coordenado pelo pastor Milton Marques que usa a Bíblia para tratar pessoas.
O local simples, com alojamentos feitos por barracos de madeira e lona, mantido por doações. A Clínica da Alma, como é chamada, não tem profissionais da área de saúde e nem remédios, todo o tratamento é feito através da fé.
Localizado a 20 km do centro da cidade, o centro de reabilitação tem hoje cerca de cem pacientes que são acompanhados pelo pastor Marques, que é ex-viciado em drogas.
De acordo com a Folha de São Paulo os pacientes chegaram à Clínica da Alma por indicação de parentes ou após serem encontrados por fiéis da Igreja Tabernáculo da Glória.
A rotina dos pacientes começa às 6h quando os monitores tocam um sino convocando todos os internos para participarem do culto matinal. Depois de tomarem café, os homens passam a realizar atividades como cuidar da horta e dos animais, além de fazerem as tarefas domésticas.
Depois das atividades, por volta das 11h, eles descansam e almoçam e voltam às atividades até às 16h quando tomam banho e voltam a participarem de cultos, estudo bíblico e orações. Duas vezes por semanas os dependentes em tratamento ainda podem jogar futebol.

Investigações contra a clínica

Os trabalhos da clínica foram investigados pelo Ministério Público Estadual (MPE-MS) que em abril instaurou um inquérito para apurar se os direitos humanos dos dependentes estavam sendo violados. O MPE-MS recebeu denúncias de que alguns dependentes eram mantidos em cárcere privado e que o pastor ficaria com metade do salário dos ex-viciados que conseguissem emprego depois de saírem da clínica.
O Conselho Regional de Psicologia (CRP) também denunciou o local pela falta de um profissional de saúde acompanhando o tratamento dos dependentes químicos. O então presidente do CRP-MS, Carlos Afonso Marcondes, chegou a dizer que o tratamento oferecido na Clínica da Alma não seguia os critérios do SUS e que não era possível provar a recuperação de nenhum dos internos que passaram pelo tratamento com o pastor Marques.
O religioso contesta as denúncias e diz que todos são livres para deixarem a chácara quando bem entender, mas os próprios colegas impedem para que os internos continuem o tratamento e voltem a recuperar suas vidas.
Sobre a denúncia do CRP o pastor questionou: “Seria melhor se eles ainda estivessem na rua se drogando?”. Todo o tratamento é oferecido de forma gratuita para os interessados em deixar a vida de vícios

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