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sábado, 5 de abril de 2014

Se evangelizo meus amigos, sou interesseiro?


“Evangelizar é forçar o outro a pensar como você”, “Querer que o próximo seja convertido à sua crença é colonizar sua identidade”. 

Essas e outras afirmações são frutos do tempo em que vivemos e reflete muito bem o que há por trás desta era: busca pela total autonomia do “eu” e incapacidade de determinar padrões e condutas universalmente válidos.
Tudo bem, antes que você possa pensar que este é mais um texto acadêmico e chato (espero sinceramente que você não tenha nenhum preconceito com textos acadêmicos), eu pergunto: quem nunca foi questionado ou se questionou sobre a motivação com que nos aproximamos dos não cristãos? Será que em vez da amizade só queremos a conversão daquela alma para aumentar nossas fileiras religiosas?  Certa vez um amigo cristão foi questionado por alguém de fora da igreja com essas palavras: “O que vocês ganham nos convidando para o culto? Jesus Points?”
Taí uma questão que precisamos ter bem resolvida, se quisermos ser “sal da terra e luz do mundo”. Precisamos parar de engolir toda essa baboseira pós-moderna e pseudotolerante e então, lembremo-nos do apóstolo João que diz que o amor do Criador consiste em que Deus enviou seu Filho ao mundo para que vivêssemos por meio dele. O evangelho é a forma pela qual o Deus infinito comunicou seu infindável amor para que suas criaturas finitas pudessem entender e experimentá-lo. Logo, evangelizar nada mais é do que amar. Anunciar o que Cristo fez por nós é o maior ato de amor que podemos ter para com o próximo. Será que esse amor pode atrapalhar uma amizade?
Querer a conversão dos nossos amigos não tem nada de errado. Falso e interesseiro seria desistir da amizade, nos casos em que seu amigo não se torne cristão. A conversão de alguém é sempre trabalho do Espírito. O papel que nos cabe é amar e dizer daquilo que expressa o mais puro amor. Não pensemos que amizade sincera é aquela que neutraliza sua fé, pois amizade e evangelismo não são incompatíveis. Não deixemos de perceber que a vontade de anunciar o evangelho tende a gerar relacionamentos verdadeiros, já que o puro amor de Deus é o pano de fundo da relação. Não querer que o próximo experimente viver no reino de Deus é uma tremenda “trairagem”. Por isso, Spurgeon disse: “Por essa razão, viva, fale e ensine (do evangelho), de um ou outro modo, e seja sempre fiel a Deus e às almas dos homens”¹. Lembremos a ênfase que as Escrituras dão à evangelização, lembremos a intensidade de Paulo que pedia oração para fazer conhecido o mistério do evangelho e dizia: “Aí de mim se não pregar!”.
Mas, e se nosso colega não estiver a fim de ouvir a mensagem? Ora, não muda nada. Para falar a verdade, é só ativar o modo “pregarei sempre, se necessário usarei palavras”. Faça com que o evangelho seja sua inspiração para se preocupar com a vida de seus amigos. Permita que o evangelho o leve a atitudes de hospitalidade. Deixe que o evangelho seja seu filtro para o relacionamento, mesmo enquanto estiverem conversando sobre música, futebol, programa de TV ou qualquer outra coisa. Relacione-se, saia do seu gueto gospel, para silenciosamente sinalizar a revolução de Cristo que nos permite uma interação profunda e correta com toda a cultura ao nosso redor. E o mais Ele fará…
Nota: 1. SPURGEON, Charles H. – Conselhos para obreiros – Arte Editorial 2010.
 Fotos: Internet
Matheus Loures - formado em Comunicação Social pela UFMG

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